Tuesday, September 03, 2024

O PENSAMENTO ALARGADO (O PROBLEMA DA ISONOMIA DO X E STANLINK)




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

Uma pessoa da minha família escreveu no meu chat no Instagram:

 

<<Foda-se. O cara tem que seguir as regras do Brasil pra ter empresa aqui. Ele não é dono do mundo pra achar que pode o que quiser. E outra a internet na Amazônia só favorece garimpo ilegal e grilagem... Índio não precisa de internet>>

 

 

As leis do Brasil são quebradas todos os dias. Pessoas com deficiência, como eu, não são contratadas, apesar de haver uma lei clara sobre isso. Não há fiscalização para quem estaciona em vagas dedicadas aos PCDs, e todos os dias os banheiros e outros direitos das pessoas com deficiência são desrespeitados. Se o X (ex-Twitter) deve seguir as leis, por que o Bluesky, que não tem representação no Brasil, não foi bloqueado? Se a lei é para todos (princípio da isonomia), deveria defender todos que dependem dessas leis para ter um mínimo de respeito. O que acontece é que as pessoas não entendem o princípio democrático: não somos educados sobre política e não desenvolvemos um senso crítico.

Quando as democracias modernas surgiram – com a revolução francesa com a queda das monarquias absolutistas. Que culminaram com a libertação e democracia americana – eles deveriam ser um tipo de governo que seguiria para o povo e o povo deveria ser soberano. Não é o que vimos em todas elas e não há nada de diferente. Daí vamos alargar ainda mais o pensamento: o capitalismo nos deu uma obrigação de ser alguma coisa por ser, o estudo passou mais como uma técnica do que o conhecimento por ter, ou seja, criamos uma cultura patrimonialista. Tudo gira daquilo que você tem, e não aquilo que você é. Depois, seu antagônico ideológico, o comunismo (alguns chamam de comunalismo) tende a imaginar uma sociedade igualitária onde todo mundo seria igual com iguais oportunidades. Dai vamos além.

A meu ver, como todos os tipos de anarquismos, o comunismo deveria ser uma ferramenta de indagação ideológica. Não deveria – e isso fica muito claro com as ideologias que surgiram após a URSS nascer – uma coisa para se implantar, pois, ninguém vai ser igualado com uma doutrina. Isso veio do lado positivista do marxismo. O que se deveria ter em mente, que quanto mais o ESTADO toma conta do cidadão, mais controle sobre ele será tido e mais vai engolir os “direitos”. E mais, qualquer jurista pode responder que, judicialmente, se uma pessoa se sentir ofendida com uma fala de alguém, pode entrar com uma ação contra essa pessoa. Por isso, nós libertários (no ideal) e liberais progressistas (na realidade), somos a favor de um ESTADO mínimo que garanta direitos e não gerir e nem se meter na vida das pessoas como se elas não pudessem fazer escolhas.

Dito isso, vamos a questão do empresário americano, Elon Musk, pois, segundo meu familiar <<não é dono do mundo pra achar que pode o que quiser>>. Ora, ninguém pode o que ele quiser. Eu não posso ir em uma bienal do livro porque o estacionamento é R$ 70 reais e o serviço ATENDE (vans de porta em porta que é vinculada a prefeitura de São Paulo) não pode arcar com o custo e fica muito para mim e para o motorista (já que eu estava quase monetizando o X e o Alexandre de Morais bloqueou a rede). Algumas pessoas não podem acessar o x porque nossa justiça é tão incompetente que não consegue prender meia dúzia de “golpistas” que fugiram para o EUA, não podem trabalhar porque as empresas ainda ligam para deficiências, cabelos coloridos, piercing etc. Eu acredito que o Musk tem plena consciência disso. O que nós brasileiro sabemos, que o que ele fala nos diálogos internos, faz sentido e a antiga representante legal, teve suas contas bloqueadas.

A questão não é defender o Musk como pessoa ou como empresário, é sermos justos. Por causa de alguns perfis que violam a lei, outros devem ser bloqueados? Por causa de indagações políticas, as contas de milhares de pessoas tem que ser bloqueadas? Se, realmente, o Brasil fosse terra com leis, todas as coisas teriam solução e até mesmo, garimpeiros ilegais teriam sido presos. Cortar a internet não vão fazê-los saírem de lá, só agravara a internet nessas regiões e as pessoas vão ficar sem internet. Escolas vão ficar sem internet. Pessoas não vão poder escolher ter uma internet da Stanlink, porque o ministro acha que uma empresa paga a conta da outra. O garimpo usa muitas outras ferramentas e vão ter que fechar muitas empresas.

Isso é uma democracia mesmo?

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