Dois seriados tiveram pessoas com deficiência nos últimos
tempos: Games of Thrones e Vikings. Nos dois seriados, as reações não são de aceitação
e que eram para ser assim, pois, os fãs nerds acham que são donos desses
seriados e os personagens. Os estúdios mimaram a audiência e agora somos reféns
dos conceitos cânones que não pode ser mudados sob pena de serem massacrados
nas redes sociais, que no mínimo é ridículo. Como diz um professor de filosofia
que sigo (Isto não é filosofia) os personagens são o que devem ser, ou seja,
Ulisses sempre vai ser Ulisses e sempre vai demorar a voltar para Itaca.
Teorias a parte – existem milhares – Bran Stark é
o caçula da família Stark e um dos três que sobrou (tirando jon Snow que é
fruto de um romance entre o rei louco e a irmã do Eddard Stark) e ao longo do
seriado, adquiri poderes. Além de poderes, quando criança, ele foi jogado da
torre do castelo dos Stark, por ter flagrado James e Cerçei (que são irmãos)
transando. Ficando paraplégico. E desde o término do seriado, há uma briga incessante
de quererem que Jon Snow seja o rei, mas segundo o seriado, Snow não iria abrir
mão do comando dos “Corvos” (A Patrulha da Noite) para ser rei e deixou esse
cargo para Bran.
Mundialmente, as reações foram muitas e aqui no Brasil,
foi um pouco pior. Eu nunca liguei para essas reações, mas essa semana não deu
para aguentar quando um sujeito disse que “fizeram do quebrado o rei” ai
denunciei. Denunciei por dois motivos que viram questões filosóficas: (1) –
isso demonstra como fazem do ser humano máquinas ou coisas, que são quebradas
ou não; (2) – há um capacitismo mundial ainda que chega a fetos com síndrome de
down serem abortados por terem a possibilidade de nascerem com essa síndrome. Ou
seja, as pessoas não querem mudar seus atos acomodados e que não refletem pelo
prisma da empatia. E se fosse você? Você iria gostar de ler isso? Além de reforçar
a imagem de incapacidade da pessoa com deficiência e não é verdade, como Bran,
houve reis e imperadores com deficiência que souberam governar bem.
Claudio I foi um dos imperadores mais iminentes de
Roma, um general estrategista e tinha paralisia cerebral, sua mãe te chamava de
“monstro”. Alias, muitas deficiências tiveram esse estereotipo por causa da visão
greco-romana da beleza como forma estética perfeita para demostrar que o individuo
era são. Isso não é verdade. Mesmo na natureza, a parte de perfeição estética não
existe, pois, os corpos são moldados geneticamente, conforme as necessidades de
cada ambiente onde vive. isso qualquer biólogo pode responder. Nisso a ciência moderna,
já refutou os greco-romanos faz um bom tempo, mas o que acontece então, que
essa “maldita” herança ainda insiste em nossa sociedade?
Primeiro – não vou cometer o erro do preconceito
estrutural – não existe uma identidade única dentro da deficiência, pois, cada organismo
lida com a deficiência de um modo diferente. Ou seja, quando olhamos a deficiência
de um modo mais amplo, devemos lutar de um modo geral como acessibilidade, como
tirar esse olhar capacitista em geral. Se se tem uma visão capacitista em um
assunto tão “bobo”, imagina em assuntos mais complexo e que requer mais
seriedade?
Amauri Nolasco Sanches Júnior – publicitário, TI, bacharel em filosofia e pessoa com deficiência
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