Thursday, September 12, 2024

BRAN STARK E O CAPACITISMO NATO HUMANO

 






Dois seriados tiveram pessoas com deficiência nos últimos tempos: Games of Thrones e Vikings. Nos dois seriados, as reações não são de aceitação e que eram para ser assim, pois, os fãs nerds acham que são donos desses seriados e os personagens. Os estúdios mimaram a audiência e agora somos reféns dos conceitos cânones que não pode ser mudados sob pena de serem massacrados nas redes sociais, que no mínimo é ridículo. Como diz um professor de filosofia que sigo (Isto não é filosofia) os personagens são o que devem ser, ou seja, Ulisses sempre vai ser Ulisses e sempre vai demorar a voltar para Itaca.

Teorias a parte – existem milhares – Bran Stark é o caçula da família Stark e um dos três que sobrou (tirando jon Snow que é fruto de um romance entre o rei louco e a irmã do Eddard Stark) e ao longo do seriado, adquiri poderes. Além de poderes, quando criança, ele foi jogado da torre do castelo dos Stark, por ter flagrado James e Cerçei (que são irmãos) transando. Ficando paraplégico. E desde o término do seriado, há uma briga incessante de quererem que Jon Snow seja o rei, mas segundo o seriado, Snow não iria abrir mão do comando dos “Corvos” (A Patrulha da Noite) para ser rei e deixou esse cargo para Bran.

Mundialmente, as reações foram muitas e aqui no Brasil, foi um pouco pior. Eu nunca liguei para essas reações, mas essa semana não deu para aguentar quando um sujeito disse que “fizeram do quebrado o rei” ai denunciei. Denunciei por dois motivos que viram questões filosóficas: (1) – isso demonstra como fazem do ser humano máquinas ou coisas, que são quebradas ou não; (2) – há um capacitismo mundial ainda que chega a fetos com síndrome de down serem abortados por terem a possibilidade de nascerem com essa síndrome. Ou seja, as pessoas não querem mudar seus atos acomodados e que não refletem pelo prisma da empatia. E se fosse você? Você iria gostar de ler isso? Além de reforçar a imagem de incapacidade da pessoa com deficiência e não é verdade, como Bran, houve reis e imperadores com deficiência que souberam governar bem.

Claudio I foi um dos imperadores mais iminentes de Roma, um general estrategista e tinha paralisia cerebral, sua mãe te chamava de “monstro”. Alias, muitas deficiências tiveram esse estereotipo por causa da visão greco-romana da beleza como forma estética perfeita para demostrar que o individuo era são. Isso não é verdade. Mesmo na natureza, a parte de perfeição estética não existe, pois, os corpos são moldados geneticamente, conforme as necessidades de cada ambiente onde vive. isso qualquer biólogo pode responder. Nisso a ciência moderna, já refutou os greco-romanos faz um bom tempo, mas o que acontece então, que essa “maldita” herança ainda insiste em nossa sociedade?

Primeiro – não vou cometer o erro do preconceito estrutural – não existe uma identidade única dentro da deficiência, pois, cada organismo lida com a deficiência de um modo diferente. Ou seja, quando olhamos a deficiência de um modo mais amplo, devemos lutar de um modo geral como acessibilidade, como tirar esse olhar capacitista em geral. Se se tem uma visão capacitista em um assunto tão “bobo”, imagina em assuntos mais complexo e que requer mais seriedade?


Amauri Nolasco Sanches Júnior – publicitário, TI, bacharel em filosofia e pessoa com deficiência

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