Wednesday, September 25, 2024

"FEIOS": UM ESPELHO DA ERA DIGITAL E A PROFECIA DE MCLUHAN

 





Muitas obras cinematográficas tem impactos sociais como o filme baseado na obra literária homônima “Laranja Mecânica” – livro de Anthony Burgess – (que ainda não li), ou “Admirável Mundo Novo” de Adous Hexley entre outros. Assim, com os clássicos, poderemos fazer uma analise sistemática sobre a sociedade e sobre como formas de informação podem afetar os meios onde estão inseridos. Muitos acham que as obras cinematográficas de hoje são obras “lacradoras” – como dizem os bolsonaristas – e não dão a mesma atenção devida por causa da falta da estética clássica que os colocam em sintonia reacionária de um passado que nunca existiu.

Em uma estética mais dentro do novo conceito de critica social – como o meio ambiente e a estética virtual dentro da imagem – o filme “Feios” (Ugles), tem a proposta de nos fazer refletir dentro da ótica do novo tempo e das novas tecnologias de informação. Onde a estética virtual (como potencialidade de ser real) se torna necessária para ser aceito dentro de um determinado setor. Sendo a historia – acontecendo milhares de anos após os eventos climáticos – uma critica, também, social como o mundo não pensou em ter energias limpas e continuas. Mas, só isso não fez do ser humano algo sem classes ou sem guerras, assim, a natureza humana em ver diferenças e não aceitar essas diferenças, fez cientistas pesquisarem uma maneira de modificar o modo genético e colocar um tipo de filtro que deixaria as pessoas perfeitas aos 16 anos.

A adolescência – que é uma definição bastante recente – tem a ver com o modo que lhe damos com o corpo, a angústia de ser aceito, o modo de aceitar como você é. Antes disso, a adolescência tem a ver de tomar figuras como referência, como se seguir para ser aceito socialmente, seja em um modo parental, seja em um modo social como modelo de saída da família e o aspecto de aceitação social. Os ídolos, os fãs clubes, e todas essas coisas, aparecem dentro da adolescência como tipos de modelos de lideres. Se antigamente os artistas tomavam esse lugar – alias, muito antigamente eram os heróis mitológicos, reis e cavaleiros – hoje temos os influencers e esses que o filme retratam. O sonho de estar na cidade dos “perfeitos”.

Os estudos em comunicação aumentaram depois da Segunda Guerra Mundial por causa do aquecimento do mercado e a popularidade da TV e o rádio, nos EUA. Os fascistas e os nazistas tinham deixado um paradigma dentro da comunicação de massa, pois, conseguiram unir uma nação inteira contra um inimigo em comum. Sem mentir. Sem discursos demagógicos. As nações “democráticas” queriam saber o porquê, assim, a comunicação como causador de informação – graças o crescimento da publicidade, que nos EUA chamavam de “mad man” – que poderia educar ou vender uma ideia. Claro, que muito raramente, foi um meio para educar (que é uma longa discussão desde Platão).

Nos anos 60, o auge do capitalismo americano, um pensador da comunicação com o livro “Os Meios de Comunicação”, Marshall McLuhan (1911-1980), dará um outro tom a teoria da comunicação. Na verdade, McLuhan, propõem que “o meio é a mensagem”, enfatizando a importância da forma como a informação é transmitida em detrimento do conteúdo em si. Além disso, ele alertou na questão de uma padronização e a superficialidade características das mídias eletrônicas, assim, antecipadas por McLuhan, podemos dizer que encontram eco na contemporaneidade, com as redes sociais desempenhando um papel central na disseminação de padrões de beleza (idealizados) e em uma construção de uma identidade virtual.

Ou seja, quem estuda comunicação no meio da Teoria Critica (não menos importante) se limita a ficar em um modo critico dentro da perspectiva social – como se o meios de comunicação fosse meios de esclarecimento – mas, meu intuito é muito mais do que ter uma visão critica nos meios do conteúdo abstrato dentro das mídias digitais e tradicionais (TV e rádio). Dai fica bem interessante, pois, na essência essa padronização é um retrato e a essência de teorias como a eugenia, mas, existiam uma estética nazista e um ideal germânico de superioridade alemã. Essas padronizações estéticas, transformam o ser humano em um modo padronizado que levara ao abandono da individualidade de cada ser humano.

Para sermos coerentes – por acreditar e seguir a teoria libertaria (segundo alguns intelectuais, um anarquismo de direita) – a mídia deve ter liberdade de opiniões e ser totalmente privatizada. Mas, existe um porem, se vimos dentro da ótica libertaria o filme “Feios”, tendemos a olhar de uma ótica de opressão das aparências. Eu tenho que ser “bonito” para um “bem maior” ou como acontece nos últimos acontecimentos, tenho que apoiar certas atitudes ditatoriais “pela democracia”. Na obra cinematográfica, podemos ver que há uma certa dinâmica ditatorial da aparência e como essa aparência não pode se “misturar” com os chamados “feios”. Só que as questões de bonitos e feios são subjetivas, posso achar que as garotas de hoje com seu “silicone” ou com seu “botox”, criam padrões que devem ser seguidos por todos e todos devem dividir essa experiencia. Outra teoria, além da comunicação de McLuhan, tem a Teoria da Estupidez do teólogo e prisioneiro nazista, Dietrich Bonhoeffer, que participou da resistência contra os nazistas.

A pergunta dele era bastante simples: como um povo culto como os alemães elegeram e apoiaram um regime que destruiu a Alemanha depois da guerra? Sim, os alemães eram e ainda são, um povo culto e que amam a alta cultura e tomaram como suas teorias ilógicas que os nazistas defendias. Ou seja, não eram um povo ignorante. Sabiam ou deveriam saber que a crise não era só alemã – com o Tratado de Versalhes – mas, uma crise mundial graças a recessão de 29. Mesmo assim, acharam que a culpa da crise era o povo judaico, ou seja, a estupidez era tanta que simplificaram o problema.

Ora, voltando ao filme, uma das características da estupidez é a padronização. A padronização tem um ar de simplificar coisas complexas em coisas mais simplificadas. Como todo mundo da esquerda é comunista, todo direita é fascista e coisas genéricas como esta. Mas, indo muito além, a beleza é subjetiva e deveria ser assim sempre

Friday, September 20, 2024

ELON MUSK NÃO É HERÓI, CONSTANTINO TEM RAZÃO

 

Saiu uma notícia que Musk está para ser considerado como primeiro trilionário do mundo (acho que de hoje). Então, pensando em uma lógica ADM (Administração), as empresas que ele é CEO ou são dele (se ele fundou ou não, é uma outra história), tem que cumprir metas. Porque é essa a demanda de qualquer empresa, seja ela virtual ou não. A meta do X (ex-Twitter) tem que bater em anúncios – como toda rede social – e qualquer empresário que se prese, não será “doido” de perder dinheiro. O Brasil tem uma fatia muito grande dentro de qualquer rede social e as empresas que são essas redes, tem que ser muito mais realistas do que idealistas.

Rodrigo Constantino escreveu:

“O Brasil não vai ser salvo por um gringo bilionário herói. Ou o povo brasileiro assume as rédeas de seu destino, ou vai acordar na Venezuela e será tarde demais”

Concordo em partes. Em todo artigo, Constantino disse o obvio, mas ainda sim, foi muito idealista. Não acho que ele tem um xadrez 4D, acho que viu que o brasileiro não tem a mesma iniciativa do americano, precisa de líderes. Enquanto os americanos tomaram como ponto de libertar a “Nova Inglaterra” dos impostos cobrados pela Gran Bretanha, o Brasil foi libertado por assumir dívidas de Portugal e aliviar a receita de Dom João VI. Enquanto houve uma guerra civil para libertar os negros e os EUA fosse a terra da liberdade, o Brasil armou um golpe contra o imperador e os negros foram jogados nas periferias sendo discriminados e sendo tratados como sempre foram, escravos e marginalizados. Pior ainda, mentiram para muitos pobres europeus (como os italianos) para trabalhar nas fazendas e ter dinheiro para ter sua própria fazenda, coisa que na maioria das vezes, não acontecia.

Ou seja, sendo em um modo ideológico que a América forjou como liberdade – aí está uma discussão gigantesca – todas as idealizações que ela poderia ter graças a definição dos iluministas. O economista e filosofo libertário, Murray Rothbard (1926-1995), sempre disse que a motivação de liberdade sempre foi liberal e os ideais libertários libertaram os EUA. Claro, depois ele começa uma crítica sobre os conservadores – de um governo com exércitos e impostos – que os Estados Unidos não tiveram tanta liberdade, porque não se quis ter essa liberdade. O ponto é: a liberdade não vai ser feita por Musk, não vai ser feita por nenhum herói e sim, pelo estudo e um trabalho de entendimento do político como ela é. Não partidária, não heroica e sim, a essência das sociedades e discussões mais amplas. 


O Brasil não vai ser salvo por um gringo bilionário herói

Tuesday, September 17, 2024

NÃO EXISTE INCLUSÃO DAS DEFICIENCIAS

 

 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 

Na discussão sobre inclusão poderemos chegar a conclusão que as questões inclusivas são atos políticos. Namorar outra pessoa com ou sem deficiência, é um ato politico. Você lutar para espaços culturais ou comerciais, são atos políticos. Mesmo porque, politica não pode ser pensada como só um apoio partidário de uma das esferas da polarização, mas, politica é um ato de cidadania recuperando a etimologia do termo em grego. Se você não gosta de politica partidária – acho bastante blasé, alias – isso não quer dizer que você não seja um ser humano fora da politica. Como primatas – e isso é comprovado cientificamente – somos animais gregários e temos necessidade de andar em bandos. Biologicamente, necessitamos do outro como forma de não isolamento.

Assim, a inclusão tem a ver com a capacidade de superar dificuldades de um corpo deficitário e hoje, essas necessidades são amenizadas com órteses e próteses. Mas alguns podem perguntar: como não existe inclusão das deficiências? Como não há uma tentativa de incluir crianças e pessoas com deficiência na sociedade? Ai começa a reflexão: porque uma inclusão envolve corpos que contem dificuldades e essas dificuldades são amenizadas com aparatos tecnológicos. Como diria Heidegger, o homem supera sua natureza biológica graças a técnica, o fenômeno consciente de superação máxima da amenização das dificuldades. O que Norbert Weiner chamara de cibernética, ou seja, a técnica no seu estágio de superar o corpo e o acidente que se ocorre dentro do déficit. O “fenômeno da deficiência” é estético e tem a ver com a fragilidade do meio vivo, seja por falta de elementos (oxigênio), seja por rompimento de ligas e até a coluna vertebral (as tetra e paraplegias), seja por genética, seja para mostrar que o corpo pode ser modificado e essa modificação – por outros corpos, talvez – não pode ser alterada.

A questão é: somos seres humanos? Num modo biológico, sim, somos seres humanos. Num modo social, muito poucos acham que somos humanos. Muitos dizem para pessoas com deficiência irem para APAE – principalmente, as crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) – dizem que o único direito que temos é nos escrever na AACD (Associação a Assistência a Criança Deficiente). O capacitismo está nas redes sociais (ate de vídeos curtos como o Kwai e o TikTok) e essas redes se alimentam desse “ódio” sintético que são as frustrações dos ressentidos, que lá fora, são rejeitados ou tem atitudes de gado. O espirito de rebanho, segundo Nietzsche, tem a ver com a incapacidade (ou a ideia dessa incapacidade) de ser igual aqueles fortes, destemidos que podem romper o discurso do fracasso.

Por outro lado, o capital selvagem (não o capital como deve ser), constrói a ideia devasta que temos que sempre vender (marketing) uma imagem feliz e forte. Como dizia um professor de historia que tive, a “ditadura da felicidade” se instala em um mundo queimado, destruído pela ganancia, horrorizado pela politica extrema direitista e esquerdista, um mundo que na essência mudou muito pouco. Pessoas com deficiência são excluídos em escolas (se tem que internar nas instituições), deficientes são excluídos no trabalho (as empresas não contratam), deficientes não são pensados nos eventos culturais (como a bienal do livro desses anos aqui em São Paulo). Ou seja, não são incluídas as deficiências, são incluídas a ideia (ou forma) do conceito da deficiência.

A cadeira de rodas toma espaço, muletas dá um ar de dependência, o autismo da insegurança de uma atitude. As deficiências moldam o preconceito por ignorância (de ignorar), uma visão ótica daquilo que se enxerga. Corpos reagem a dor, ao desespero e a falta de empatia.

Monday, September 16, 2024

PABLO MARÇAL E A BANALIZAÇÃO DO MITO



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

O bolsonarismo inaugurou um bordão que muitas pessoas não entenderam: “Bolsonaro é o mito”. Ou inaugurou a questão da “mitada” e que era quando o então candidato, Jair Bolsonaro (PL), dizia o que uma grande maioria das pessoas queriam dizer, mas não estava na altura ou teriam medo de serem presos. Mas, o governo Bolsonaro se viu um desastre por conta das diversas escolhas de um presidente sem uma inteligência emocional o bastante e que tinha um esboço teórico um sujeito que se colocou como filosofo e acreditava em crenças e teorias das conspirações do tempo da guerra fria. Olavo de Carvalho, assim como a maioria do seu público, acreditavam em coisas pouco racionais sem nenhum embasamento teórico científico, racional filosófico e um discurso coerente.

Voltando a “banalização do mito” voltamos em uma questão filosófica importante dentro de uma análise profunda: a desbanalização do banal. A filosofia ao tirar o lado banal de uma análise do senso comum – muitas vezes, acomodada e envolto de crenças infundadas – e coloca em um lado muito mais racional e tende a analisar de forma pontual. O termo mito tem origem grega – como a filosofia – que se escrevia “mythos”, que tinha um significado como “narrativa” ou “história”. Ou seja, eram narrativas que desempenhavam uma forma de educar as próximas gerações, como era ser um grego e como a cultura grega era poderosa como ponto civilizatório. E há um erro por parte dos iluministas que jogaram o mito como uma mera crença.

Platão usou o mito da caverna (a história da caverna) para explicar sua ideia (idea ou forma) de como há ideias inteligíveis (no mundo das ideias) e ideias sensíveis (no mundo). Então, um mito não seria uma “mentira” e sim, uma narrativa heroica de alguém que pode ser um tipo de herói e como dissemos, o mito pode ser uma historia com cunho moral. A questão é: qual moral que um Bolsonaro pode passar para as novas gerações? Três casamentos de mulheres diferentes e cada vez mais novas? Filhos mimados que atrapalharam mais ainda uma administração governamental? Trazer o olavismo como ponto teórico de várias teorias conspiracionistas?

Uma análise filosófica não pode ficar no raso, por isso há um mito antigo e o mito moderno. Se antigamente o mito eram narrativas para perpetuar uma cultura (ETHOS), na modernidade a ideia do mito continua a desempenhar um papel significativo, embora de maneiras diferentes em comparação com as sociedades antigas. Hoje em dia, os mitos muitas vezes refletem os medos e as incertezas da sociedade contemporânea, especialmente em relação a tecnologia e a informação. Por exemplo, histórias de hackers misteriosos – como a ideia dos anonimous – inteligências artificiais fora de controle (com o mito da Skynet da franquia Exterminador do Futuro) e várias teorias da conspiração online tornaram-se parte integrante da cultura digital. Esses mitos modernos muitas vezes surgem como uma forma de lidar com as complexidades e os desafios da era tecnológica.

Além disso, o avanço da ciência e da tecnológica houve novas formas de mitos, enquanto muitos mitos antigos ainda persistem, adaptando-se ao contexto atual. As redes sociais, indo além de análises rasas possíveis, são veículos bastante poderosos para a disseminação de mitos contemporâneos, desde teorias da conspiração (como acontece todas as horas) e até crenças populares sem nenhum fundamento (como se toda a esquerda fosse comunista e a direita fosse toda fascista). A fundamentação de uma crença sem nenhuma justificação de um argumento logico, vem ao encontro de argumentações sem logica que muitos acreditam por não ter conhecimento sobre esse tipo de assunto. Poderemos arriscar um argumento bastante interessante que a grande parcela do brasileiro não sabe o que é politica, assim acham que a politica é algo justificado em arrumar “o portão da sua casa”.

Ora, chamar alguém de mito é chamar alguém de narrativa – termo que bolsonaristas usam para se referir a uma postura ideológica de um discurso dominante – onde há uma teoria que diz, ter uma narrativa onde o sistema dominaria todo um discurso. Ou seja, Bolsonaro passou de um simples deputado a um personagem mitológico e seus seguidores passaram a ser chamados de “gado”. Por quê? Vamos dizer que a expressão “gado” – como se a esquerda não tivesse a mesma atitude – que se refere a seguidores do Bolsonaro, aparece nas redes sociais como uma forma de ironia a uma defesa incondicional do ex-presidente por parte de quem o apoiava. A ideia central era apontar pessoas que seguem ele de modo cego e sem nenhum questionamento, muito parecido com um comportamento de manada que segue o líder do rebanho.

A ideia de “gado” tem a ver com o conceito de espírito de rebanho, pois, se refere ao comportamento de indivíduos que seguem as ações e opiniões de um grupo sem questionar ou ter algum senso crítico, muito parecido com um comportamento de animais que seguem um líder de rebanho. No meio político – com a polarização – a expressão é usada (de forma pejorativa) para mostrar os seguidores que apoiam um tipo de líder ou uma ideologia de forma incondicional e sem nenhuma reflexão crítica. E essa reflexão crítica que deveríamos nos apegar em textos filosóficos. Mesmo porque, não existe uma questão que poderemos limitar uma fronteira entre direita e esquerda que não banalize o debate.

Daí exige nesse momento uma pergunta muito interessante: existe um bolsonarismo além de Bolsonaro? Alguns especialistas já dizem que sim (principalmente, aqui em São Paulo) onde há uma migração dos votos de quem o clã Bolsonaro apoia (Ricardo Nunes do MDB) para o Pablo Marçal (PRTB). Muitos desses eleitores dizem que não vão votar no “comunista” – pois uma das características do bolsonarismo é jogar toda a esquerda para o comunismo – só porque o Bolsonaro está dizendo para votar nele. Parece que a nova direita (outro nome possível) bolsonarista, tem uma consciência além do Bolsonaro e cria suas gêneses própria. Dai voltamos a analogia do filosofo Luiz Felipe Pondé, onde escreveu um artigo colocando Lula e Bolsonaro como o Predador e o Alien. Ou seja, como no filme, o Predador seria o caçador que teria todas as armas para combater qualquer espécie conhecida, as espécies que por traz dos caçadores, tem o poder de testar as armas segundo o DNA de cada espécie. A esquerda brasileira tem essa característica dessa esquerda predadora, tem armas que preparam conforme o inimigo.

A espécie do Alien são xenomorfos e tem uma vantagem com a raça predadora, eles se convertem daquilo que parasitam. No filme tem a capacidade de virar humanoides, ou até mesmo alguns que parasitaram a raça predadora, se tornaram bem parecidos. Ou seja, tem sengue acido (que converte alimentos mais facilmente), tem como parasitar ideologias inimigas (como varias características do marxismo e do positivismo se vê no bolsonarismo) e pode eleger uma nova rainha se aquela não segue esse padrão de proteção. Dai faço uma pergunta que fiz em um trabalho meu que fiz para meu bacharelado: “HÁ UM ANARQUISMO BOLSONARISTA REACIONÁRIO E MILITAR?”. Há um rompimento do status quo do próprio bolsonarismo e o xenomorfos se transformaram em uma outra coisa?

Thursday, September 12, 2024

BRAN STARK E O CAPACITISMO NATO HUMANO

 






Dois seriados tiveram pessoas com deficiência nos últimos tempos: Games of Thrones e Vikings. Nos dois seriados, as reações não são de aceitação e que eram para ser assim, pois, os fãs nerds acham que são donos desses seriados e os personagens. Os estúdios mimaram a audiência e agora somos reféns dos conceitos cânones que não pode ser mudados sob pena de serem massacrados nas redes sociais, que no mínimo é ridículo. Como diz um professor de filosofia que sigo (Isto não é filosofia) os personagens são o que devem ser, ou seja, Ulisses sempre vai ser Ulisses e sempre vai demorar a voltar para Itaca.

Teorias a parte – existem milhares – Bran Stark é o caçula da família Stark e um dos três que sobrou (tirando jon Snow que é fruto de um romance entre o rei louco e a irmã do Eddard Stark) e ao longo do seriado, adquiri poderes. Além de poderes, quando criança, ele foi jogado da torre do castelo dos Stark, por ter flagrado James e Cerçei (que são irmãos) transando. Ficando paraplégico. E desde o término do seriado, há uma briga incessante de quererem que Jon Snow seja o rei, mas segundo o seriado, Snow não iria abrir mão do comando dos “Corvos” (A Patrulha da Noite) para ser rei e deixou esse cargo para Bran.

Mundialmente, as reações foram muitas e aqui no Brasil, foi um pouco pior. Eu nunca liguei para essas reações, mas essa semana não deu para aguentar quando um sujeito disse que “fizeram do quebrado o rei” ai denunciei. Denunciei por dois motivos que viram questões filosóficas: (1) – isso demonstra como fazem do ser humano máquinas ou coisas, que são quebradas ou não; (2) – há um capacitismo mundial ainda que chega a fetos com síndrome de down serem abortados por terem a possibilidade de nascerem com essa síndrome. Ou seja, as pessoas não querem mudar seus atos acomodados e que não refletem pelo prisma da empatia. E se fosse você? Você iria gostar de ler isso? Além de reforçar a imagem de incapacidade da pessoa com deficiência e não é verdade, como Bran, houve reis e imperadores com deficiência que souberam governar bem.

Claudio I foi um dos imperadores mais iminentes de Roma, um general estrategista e tinha paralisia cerebral, sua mãe te chamava de “monstro”. Alias, muitas deficiências tiveram esse estereotipo por causa da visão greco-romana da beleza como forma estética perfeita para demostrar que o individuo era são. Isso não é verdade. Mesmo na natureza, a parte de perfeição estética não existe, pois, os corpos são moldados geneticamente, conforme as necessidades de cada ambiente onde vive. isso qualquer biólogo pode responder. Nisso a ciência moderna, já refutou os greco-romanos faz um bom tempo, mas o que acontece então, que essa “maldita” herança ainda insiste em nossa sociedade?

Primeiro – não vou cometer o erro do preconceito estrutural – não existe uma identidade única dentro da deficiência, pois, cada organismo lida com a deficiência de um modo diferente. Ou seja, quando olhamos a deficiência de um modo mais amplo, devemos lutar de um modo geral como acessibilidade, como tirar esse olhar capacitista em geral. Se se tem uma visão capacitista em um assunto tão “bobo”, imagina em assuntos mais complexo e que requer mais seriedade?


Amauri Nolasco Sanches Júnior – publicitário, TI, bacharel em filosofia e pessoa com deficiência

Friday, September 06, 2024

LORENZO ARAGÃO: SABE QUEM É ELE?


fonte: https://www.metropoles.com/distrito-federal/decisao-do-stf-impede-que-crianca-tenha-acesso-a-remedio-de-r-17-mi


Na filosofia, a liberdade é algo para ir muito além daquilo que o senso comum nos leva, pois, tem a ver com os direitos e o poder de falar o que você quiser. Mas, o Brasil é herdeira da cultura latina onde, mesmo libertada dos etruscos e do seu reinado, não soube gerir sua república como Atenas teria gerido sua democracia. Claro, as democracias modernas liberais (não existe neoliberal), tem como base  iluminista e que foca na igualdade, liberdade e fraternidade. Ou seja, igualdade de oportunidade para todos, liberdade para pensar e para viver com alguma dignidade e fraternidade como meio de uma coesão social.

Uns desses filósofos é Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), onde escreveu várias obras importantes e destaco “Contrato Social” e “Discurso sobre a desigualdade sobre os homens”.  E nesse último tem uma fala do filosofo que tem muito a ver com a reflexão que vamos fazer:

 

“Eu quisera, pois, que ninguém, no Estado, pudesse dizer-se acima da lei, e que ninguém, fora dele, pudesse impor alguma que o Estado fosse obrigado a reconhecer; de fato, qualquer que possa ser a constituição de um governo, se neste se encontra um só homem que não esteja submetido a lei, todos os outros ficam necessariamente à discrição deste último: e, havendo um chefe nacional e outro estrangeiro, qualquer que seja a partilha da autoridade que possam fazer, é impossível que ambos sejam bem obedecidos e o Estado bem governado.”

 

Segundo o jornal Metrópoles (05/09), estava tudo certinho para o menino Lorenzo Aragão (apenas 4 anos), receber uma dose única de um remédio chamado Elevidys, que pode interromper os sintomas da Distrofia Muscular Duchenne (DMD). Essa doença rara causa uma degeneração progressiva dos músculos, inclusive dos cardíacos e o sistema nervoso. Na primeira instancia da Justiça Federal obrigou que a união fornecesse o medicamento, mas, antes que o menino recebesse o medicamento, houve uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, suspendendo todas as8 liminares. Lembrando que, o amigo do Gilmar Mendes, o “super juiz” escreveu que “o Brasil não é terra sem lei”. Será mesmo? Será que condenar uma criança de 4 anos a morte, não é um crime?

Refletimos sobre as falas de Rousseau. O filosofo suíço reflete que dentro do Estado se deve todos ser submetidos as leis, mesmo que esse cidadão esteja no poder. Ou melhor, se há ou deveria haver, equidade, se deveria ter equidade dentro daqueles que tem posses e aqueles que não tem posses. Diferente do filosofo, o brasileiro produz suas próprias leis e sua própria interpretação de qualquer coisa. Como frases: “sou contra a inclusão”, “tenho medo de mandar meu filho na escola por causa das crianças autistas”, “deficiente tem o direito de se inscrever na AACD” etc, que nos faz refletir se realmente, o “super juiz” tem razão.

Se o Brasil fosse “terra com leis”, haveria uma operação para apurar o porquê empresas não contratam pessoas com deficiência (só mandam propaganda). Apurava jogos de azar sendo divulgados. Mulheres sendo humilhadas e assediadas e até mesmo, sendo  atacadas e estupradas. E outras coisas que o Brasil fica encobertando como se fosse “normal”. Daí, o parágrafo de Rousseau não tem validade no nosso país, por causa do nosso patrimonialismo. O importante não é ser e sim, ter e o importante não é ética e sim, se os outros vão me ser vantajoso. No fim, Lorenzo fica sem o medicamento.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – publicitário, TI, bacharel em filosofia e pessoa com deficiência

Thursday, September 05, 2024

PARAOLIMPIADAS: MEDALHAS E INCLUSÃO





Muitas questões sobre a inclusão são discutidas dentro da sociedade e até mesmo, existem pessoas contra inclusão de pessoas com deficiência. Na plataforma de vídeo curtos Kwai, poderemos ver até mesmo pessoas com medo de mandar suas crianças (filhos) na escola com medo de crianças autistas. E as coisas não vão tão longe e são apenas no virtual, existem pessoas que não respeitam vagas de estacionamento de pessoas com deficiência, eventos como a bienal do livro esse ano, não se pensou no público com deficiência. Empresas não contratam pessoas com deficiência (só leves e olhe lá). Então, fica a pergunta: o Brasil como disse o ministro Alexandre de Moraes, é ou não uma terra sem ou com leis?

Como vimos, o brasileiro, de um modo geral, tem um vícios de generalizar as coisas. Se o conceito de ser cadeirante é não ficar em pé, logo, todos os cadeirantes não ficam em pé. Meu exemplo mostra isso, pois, segurando eu fico em pé. Minha noiva também entre outros. Porque, ao nascer, se faltou oxigênio e o cérebro foi danificado na parte do equilíbrio. Um paraplégico a danificação acomete dentro da coluna e por aí vai. Cada deficiência tem uma característica e cada pessoa lida com ela da melhor forma para não atrapalhar a vida.

Por quê? Segundo a ativista dos direitos das pessoas com deficiência e fraternista (membra da Fraternidade Cristã de Deficientes no qual é um movimento mundial fundado na França e fiz parte), Maria de Lourdes Guarda, dizia que ““nenhuma deficiência é impedimento para a vida”, ou seja, a deficiência é uma condição e não um impedimento de viver. A história de dona Lourdes é bem isso, porque desde nova teve uma complicação na coluna e ficou o resto da vida deitada em uma cama e mesmo assim, ajudou a trazer o movimento para o Estado de São Paulo e foi coordenadora dele viajando e indo nos eventos em uma cama ou maca. A luta dela é a luta de a maioria das pessoas com deficiência que não querem estar confinadas em instituições, confinadas em lugares sem convívio social. As pessoas com deficiência tem consciência, sentimentos e o direito de se associar dentro da sociedade como outras pessoas. A deficiência é uma condição e não o que somos.

E ai entra a inclusão, pois, por muito tempo em reflexão entendi o conceito dentro da ideia de inserir a pessoa com deficiência dentro da sociedade. Como? Conscientizando a mãe que tem medo de mandar o filho na escola por causa de crianças autistas, porque se você tratar bem eles, eles são bem amigáveis (do jeitinho deles). Conscientizando as empresas a contratarem profissionais com deficiência, pois, a deficiência não atrapalha o desenvolvimento e nem a eficiência daquilo que se formaram. Conscientizar a sociedade que os atletas das paraolimpíadas não são exemplos de superação, eles são o que quaisquer pessoas sem deficiência, com dedicação e treinamento, pode ser.

Daí vem uma pergunta bastante dentro do que refletimos aqui: o porquê medalhista sem deficiência ganharam menos medalhas do que medalhistas com deficiência? Pode ser que essa pergunta seja incomoda para algumas pessoas, mas ainda não vi ninguém da imprensa ou de outro meio, perguntar. Talvez, porque eu sei e é meu lugar de fala, seja por causa da discriminação exagerada de não deixarem termos oportunidades e por isso, temos muito mais dedicação e capricho. Outro motivo, supostas apostas e dinheiro sendo jogado muito mais ali na Olimpíadas do que na Paraolimpíadas. A grande maioria nem assiste e nem comenta, na verdade.

A questão da inclusão sempre foi obscura em nosso país. Além disso, temos que parabenizar nossos paratletas.

 

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – publicitário, TI, bacharel em filosofia e pessoa com deficiência

Tuesday, September 03, 2024

O PENSAMENTO ALARGADO (O PROBLEMA DA ISONOMIA DO X E STANLINK)




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

Uma pessoa da minha família escreveu no meu chat no Instagram:

 

<<Foda-se. O cara tem que seguir as regras do Brasil pra ter empresa aqui. Ele não é dono do mundo pra achar que pode o que quiser. E outra a internet na Amazônia só favorece garimpo ilegal e grilagem... Índio não precisa de internet>>

 

 

As leis do Brasil são quebradas todos os dias. Pessoas com deficiência, como eu, não são contratadas, apesar de haver uma lei clara sobre isso. Não há fiscalização para quem estaciona em vagas dedicadas aos PCDs, e todos os dias os banheiros e outros direitos das pessoas com deficiência são desrespeitados. Se o X (ex-Twitter) deve seguir as leis, por que o Bluesky, que não tem representação no Brasil, não foi bloqueado? Se a lei é para todos (princípio da isonomia), deveria defender todos que dependem dessas leis para ter um mínimo de respeito. O que acontece é que as pessoas não entendem o princípio democrático: não somos educados sobre política e não desenvolvemos um senso crítico.

Quando as democracias modernas surgiram – com a revolução francesa com a queda das monarquias absolutistas. Que culminaram com a libertação e democracia americana – eles deveriam ser um tipo de governo que seguiria para o povo e o povo deveria ser soberano. Não é o que vimos em todas elas e não há nada de diferente. Daí vamos alargar ainda mais o pensamento: o capitalismo nos deu uma obrigação de ser alguma coisa por ser, o estudo passou mais como uma técnica do que o conhecimento por ter, ou seja, criamos uma cultura patrimonialista. Tudo gira daquilo que você tem, e não aquilo que você é. Depois, seu antagônico ideológico, o comunismo (alguns chamam de comunalismo) tende a imaginar uma sociedade igualitária onde todo mundo seria igual com iguais oportunidades. Dai vamos além.

A meu ver, como todos os tipos de anarquismos, o comunismo deveria ser uma ferramenta de indagação ideológica. Não deveria – e isso fica muito claro com as ideologias que surgiram após a URSS nascer – uma coisa para se implantar, pois, ninguém vai ser igualado com uma doutrina. Isso veio do lado positivista do marxismo. O que se deveria ter em mente, que quanto mais o ESTADO toma conta do cidadão, mais controle sobre ele será tido e mais vai engolir os “direitos”. E mais, qualquer jurista pode responder que, judicialmente, se uma pessoa se sentir ofendida com uma fala de alguém, pode entrar com uma ação contra essa pessoa. Por isso, nós libertários (no ideal) e liberais progressistas (na realidade), somos a favor de um ESTADO mínimo que garanta direitos e não gerir e nem se meter na vida das pessoas como se elas não pudessem fazer escolhas.

Dito isso, vamos a questão do empresário americano, Elon Musk, pois, segundo meu familiar <<não é dono do mundo pra achar que pode o que quiser>>. Ora, ninguém pode o que ele quiser. Eu não posso ir em uma bienal do livro porque o estacionamento é R$ 70 reais e o serviço ATENDE (vans de porta em porta que é vinculada a prefeitura de São Paulo) não pode arcar com o custo e fica muito para mim e para o motorista (já que eu estava quase monetizando o X e o Alexandre de Morais bloqueou a rede). Algumas pessoas não podem acessar o x porque nossa justiça é tão incompetente que não consegue prender meia dúzia de “golpistas” que fugiram para o EUA, não podem trabalhar porque as empresas ainda ligam para deficiências, cabelos coloridos, piercing etc. Eu acredito que o Musk tem plena consciência disso. O que nós brasileiro sabemos, que o que ele fala nos diálogos internos, faz sentido e a antiga representante legal, teve suas contas bloqueadas.

A questão não é defender o Musk como pessoa ou como empresário, é sermos justos. Por causa de alguns perfis que violam a lei, outros devem ser bloqueados? Por causa de indagações políticas, as contas de milhares de pessoas tem que ser bloqueadas? Se, realmente, o Brasil fosse terra com leis, todas as coisas teriam solução e até mesmo, garimpeiros ilegais teriam sido presos. Cortar a internet não vão fazê-los saírem de lá, só agravara a internet nessas regiões e as pessoas vão ficar sem internet. Escolas vão ficar sem internet. Pessoas não vão poder escolher ter uma internet da Stanlink, porque o ministro acha que uma empresa paga a conta da outra. O garimpo usa muitas outras ferramentas e vão ter que fechar muitas empresas.

Isso é uma democracia mesmo?