Wednesday, November 06, 2024

NAZI-TRUMPISTA-X: A DEMOCRACIA EM PERIGO?

 




Amauri Nolasco Sanches Júnior 

– bacharel em filosofia, publicitário e TI

 

 

O professor João Eigen escreveu isso no X:

 

“E agora? Será que podemos esperar um êxodo de americanos fugindo do totalitarismo nazi-trumpista-X que aniquilará as minorias sociais em campos de concentração conservadores cristãos financiados pelo Elon Musk? Será que milhões de americanos fugirão dessa distopia para vir morar aqui no Brasil do governo do amor de Luis Inácio?”

Sendo bastante sincero, isso tem a ver com o que na filosofia ficou conhecido como indução. As pessoas querem ver sempre algum sinal para terem certezas das suas próprias crenças, porque não leram o suficiente para entender certas nuances políticas. Como um rapaz viu uma suástica nazista no Trump Tower (onde Donald Trump é dono). Como que se confirmasse a crença do rapaz que Trump é nazista e tomara em assalto o governo dos EUA e assim, as minorias e a agenda climática fosse destruída. Ora, a esquerda democrata não entregou nada disso e perdeu por causa da agenda woke – se a esquerda brasileira não acordar, vai ter o mesmo destino – e mais, analises politicas mais céticas, isso vai piorar se essas agendar forçarem a “mão”.

Hume – filosofo do século dezessete – dizia que podemos justificar a indução (a ideia de que o futuro será semelhante ao passado) com base em nossas experiencias passadas. Ora, ele argumenta que não há nenhuma justificativa logica solida para sequer supor que as regularidades observadas no passado continuariam no futuro. Ou seja, se o usuário do Reddit acredita que Trump é um nazista, verá sinais que, muitas vezes, não existem e assim, as pessoas sempre vão  buscar uma confirmação daquilo que acreditam. Fenômeno indutivo dentro da filosofia. Pois, a indução (indo bem mais longe que Hume) é um processo que pode construir certas generalizações a partir das observações especificas, e muitas delas, as pessoas procuram evidencias que confirmem suas crenças-existentes. Ou melhor, um viés conhecido como “viés de confirmação”.

Colocando em um viés político, isso acaba levando uma interpretação e reações que exageram em certos eventos ou símbolos, levando o rapaz ver a suástica no Trump Tower ou chamar Trump (que é ultranacionalista) de nazifascista. Ou outras figuras da direita radical, como Bolsonaro e Bukele, e liberais/libertários como Milei. Porque esse tipo de interpretação pode reforçar crenças já estabelecidas, independentemente de uma análise mais profunda ou de um entendimento completo das nuances políticas. Por isso mesmo, Hume defendia o ceticismo. Por causa que todo mundo, de um modo ou de outro, induz as suas crenças dentro da realidade.

E nem é uma defesa – como libertário minarquista, defendo um ESTADO menor possível até o povo ter consciência e não precisar mais dele – apenas temos que analisar mais profundamente. O Donald Trump é um americano médio que é um burocrata milionário que adora pensar em dinheiro e vê os EUA ainda como se via até os anos 80 (quando ainda corríamos o risco de uma guerra nuclear graças a guerra fria, com Ronan Reagan na presidência). A esquerda induz o discurso dizendo que todo reacionário é nazifascista, que não é verdade. Somos reacionários nostálgicos muitas vezes, dizendo “no meu tempo era melhor”, e nem por isso, somos fascistas. O ceticismo na política, sempre será necessário para uma análise mais racional.

E vamos ser sinceros, o fascismo e o nazismo e todas as formas de coletivismo totalitário é, num modo geral, militarista e não é a favor do capitalismo liberal, não é a favor do livre mercado e não é a favor dos direitos individuais. Nunca iriam aceitar donos de empresas com seus colaboradores milionários etc. Mesmo porque, o fascismo é uma forma de coletivismo totalitário que surge na Itália  com Mussolini nos anos 20 do século vinte. Se caracteriza como um nacionalismo extremo, controle centralizado do governo (que não acontece nos EUA), e ênfase na lealdade do ESTADO. O fascismo é fortemente militarista e anti-democratico, sempre suprimindo liberdades individuais e o pluralismo politico. E o mais importante (acho que a Marcia Tiburi faltou nessa aula): a economia fascista é controlada pelo ESTADO – não existe liberalismo fascista – com propriedade privada permitida, porem, obedecendo os interesses do governo (acho que vimos isso em algum ligar no mundo).

Nazismo, ou Nacional-Socialismo, é uma variante do fascismo que se desenvolveu na Alemanha sob Adolf Hitler. Embora compartilhe muitas características com o fascismo, como o militarismo e o controle estatal, o nazismo é marcado por uma ideologia racista extrema, promovendo a supremacia ariana e a perseguição sistemática de grupos considerados "inferiores", como judeus, ciganos e outros. A economia nazista também era fortemente controlada pelo Estado, com grandes projetos de obras públicas e uma ênfase na autossuficiência nacional.

O ESTADO, de qualquer forma, nos torna escravos, mas, não existem outras formas de nazismo ou fascismo. Se há um discurso extremado – como reconheço que há sim – isso tem a ver a esquerda se tornou governo, não entregou nada que prometeu, nem mesmo, na pauta climática. E ainda abraçou a pauta woke, chata e não acabou com o preconceito.

Saturday, October 26, 2024

RESPOSTA A PAULO FIGUEREDO

 

 

Exército investiga militares fazendo churrasco dentro do quartel com cerveja e música de funk "proibidão" no RJ • Reprodução


Amauri Nolasco Sanches Júnior

- Bacharelado em Filosofia (ainda em estudo), Publicidade e TI (técnico de informática)

 

Paulo Figueredo >> “Quando foi que viramos essa piada de mau gosto?”

 

Vamos falar de filosofia brasileira para começar. Nossa cultura começa com a filosofia escolástica de São Tomás  de Aquino que aqui trouxeram os jesuítas, por trezentos anos tivemos uma construção cultural entre a viola (uma adaptação do alaúde) cabocla, e o cristianismo como um modo de escolarização. Portugueses se casando com indígenas (como Caramuru), negros (trazidos como escravos) tendo filhos com indígenas etc., construindo uma cultura mestiça como os portugueses também são. O ponto é: os americanos construíram sua cultura separando em guetos e algumas das suas empresas, financiaram abertamente o nazismo na década de 30, fora que se fortaleceu a eugenia (até hoje, se mexendo nas catacumbas da ciência).

Quero dizer que a América são para os americanos e eles toleram os outros graças ao enriquecimento da sua América, portanto, você como brasileiro não passa de um Latino-Americano. Só. Neto de um General das Forças Armadas brasileiras que ele e seus “amiguinhos” militares, acharam que as medidas do Jango (João Gulart), levados por uma elite rastaquera (ignorantes até hoje), eram de um comunista sendo Jango sido do PTB (varguista), cunhado de um trabalhista (Brizola). Deram o golpe militar em um macartismo bem vagabundo (como o macartismo como um todo).

Voltamos a filosofia brasileira. Nossa elite – antigamente, pobre não tinha escolarização se não fosse índio por causa da catequese – foi de padres, só estudava com os jesuítas, de advogados, só estudava na Europa. Ainda, quando essa mesma elite viajava para lá (de um modo brega e com nenhuma erudição), eram vistos com desdém e chamados de incultos, caipiras. Ou seja, temos uma elite inculta ignorante e canalhas (que financiam só globais, coisas maliciosas e muita baixaria) e uma cultura pautada na vantagem e na mesquinhez. Como poderemos ter uma ética voltada as verdadeiras virtudes?

Para Aristóteles – filosofo grego que viveu trezentos anos antes de Cristo – a virtude (ou ETHOS) era o centro da ética. O estagirita acreditava que uma vida virtuosa era essencial para alcançar a Eudaimonia, que seria uma espécie de felicidade completa ou realização. Segundo Aristóteles, as verdadeiras virtudes seriam hábitos que são adquiridos que são uma espécie de equilíbrio entre os nossos desejos e as nossas ações, nos permitindo viver com a razão. Agora, para aplicar isso na nossa realidade, se pode incentivar a formação de hábitos virtuosos (não são moralismo barato que brasileiro adora ficar demonstrando nas redes sociais e que existe desde muito tempo), desde a infância, focando em uma educação ética e no desenvolvimento pessoal continuo. Sempre incentivando praticas virtuosas como a justiça, como a coragem e a temperança, tanto na esfera publica quanto da provada.

Mas, como estamos em um mundo pós-moderno – mesmo que bolsonaristas olavistas não gostem – estamos entre a virtude kantiana e o identitarismo pôs-estruturalista. Isso seria uma analise séria de filosofias que rodeiam o mundo de hoje, não interessando o que eu acredito como ideologia. Por isso, vamos colocar como algo do tipo a virtude kantiana como um dever a ser cumprido e na moralidade racional, e o identitarismo pós-estruturalista que desafia concepções sempre enfatizando as narrativas e experiencias individuais, e também, as estruturas de poder que moldam essas identidades. Ou seja, uma interpretação distorcida de Foucault que ao invés de libertar de preconceito, gera outros preconceitos.

Então, estamos acabando com valores (deixando-os vazios) em nome de um mundo ou nostálgico radical (reacionário), ou idealizado radical (revolucionário). Ser um bolsonarista não é ser um conservador e pode levar ao erro de confundir religiosidade e moralismo, e ser petista, não é ser a favor da democracia e nem ser comunista. É tacanho e muito insensato, achar que para sermos virtuosos temos que escolher um lado e não temos. Moralidade é uma questão de ser educado, ser sensato e não achar que as pessoas são inimigas por pensarem diferente. Política é uma questão de convencimento.

Thursday, October 24, 2024

ENTRE A CADEIRA DE RODAS E A POLÍTICA

 



nova leitura do símbolo clássico da AACD


Amauri Nolasco Sanches Júnior – filosofo

 

Vamos falar serio. Quando tinha, mais ou menos, uns 3 anos de idade, minha mãe me levava no SESI, no colo e gravida do meu irmão com um ônibus podre, barulhento e sem o acento preferencial. Ia em cima do meu irmão – por causa da barriga – por causa da quase eterna má educação do brasileiro. Já na AACD – que meu pai sempre  pagou – minha mãe deixava meus irmãos com meus avós e quando não tinha jeito, leva eles e sempre a má educação reinava no Brasil como um povo mesquinho e que sempre quer levar vantagem em tudo.

Convivo com minha deficiência desde minha tenra infância e nasci no governo Medici (ditadura dos militares) e vi a transição, alias, vi e lembro. Não tínhamos direito nenhum e muito menos, transporte adequado para isso. Uma amiga (vários amigos eram ou são petistas por motivos óbvios), disse uma vez (quando estudávamos juntos) que o projeto das vans para pessoas com deficiência estava nas mãos da prefeitura desde a gestão da prefeita Luiza Erundina (na época, do PT). Mesmo assim, a prefeitura não quis implantar o projeto e ficou por anos na gaveta (aliás, nesse tempo o transporte todo era estatal).

Se não me engano – depois de tanto tempo – o projeto sai do papel coma gestão do prefeito Paulo Maluf (PP), para ter recursos do estrangeiros e para isso teria que implantar um projeto dentro de alguma parte das minorias, e o ATENDE (SPTrans, empresa mista entre a prefeitura e uma outra empresa), onde vans iria porta a porta para cadeirantes que, realmente, tinha dificuldade de tomar um ônibus. Qual cidade não queria ter um serviço desses? Qualquer uma do Brasil inteiro, que tem que aguentar humilhação de Uber (que eu não uso) e tudo mais. Mas, existem falhas e muito mais coisas para as pessoas com deficiência que não funcionam em São Paulo e nem no Brasil inteiro.

A questão do ATENDE é que são muito poucas vans para uma cidade enorme como aqui. Para se ter ideia, caberia duas bélgicas aqui, ou dois Portugal, fazendo com que pensamos na dimensão que é o Brasil. Milhares de pessoas com deficiência são humilhadas, não podem estudar, não podem trabalhar e não podem ter lazer porque o transporte é escasso e tem que ser agendado. Seja o transporte publico como o transporte particular, que porventura, também é bastante escasso. Os taxistas reclamam que não ganham bem, não vão trabalhar e os poucos que ficam, tem uma demanda muito grande e fazem um serviço ruim. Quem vamos reclamar sobre isso? A prefeitura sabe que transportes como esse são transportes insignificantes, que deveriam ser maiores que são e geram desconforto e muita angústia para pessoas com deficiência.

Por quê? As pessoas acham que ter inclusão e acessibilidade é apenas colocar uma rampa ou doar cadeira de rodas ou outros aparelhos, mas, a inclusão tem que ser um ato político entre a pessoa com deficiência e a sociedade. Se a inclusão é um ato político – de associação entre todos em uma sociedade (Polis) – porque somos cidadãos da cidade como qualquer pessoa que mora aqui. Ou em qualquer país no mundo. A questão é debatida a séculos: o que é uma deficiência e somos seres humanos? Primeiro é definir a deficiência como uma condição e não aquilo que você é, depois temos que definir como poderemos ser chamados de seres humanos. Por causa da nossa consciência e nossa capacidade de construir uma subjetividade (o cogito cartesiano do “eu penso, logo sou”), dentro daquilo que se forma como objeto (sensível) e aquilo que ouvimos, cheiramos ou sentimos (inteligível).

Definindo isso e como não somos nem seres sem consciência ou de “outro mundo”, podemos dizer que não somos idiotas. E idiota nesse contesto – talvez, foi a definição que Lenin usou, se é se disse isso mesmo – quer dizer uma pessoa alienada dentro da capacidade de entender o que está acontecendo. Claro, nem todos são estudados ou que não são alienados (sim, definição de Marx), e existe pessoas que deixam pra lá, para não discutir. Mas, a anos venho alertando sobre atos do serviço ATENDE até mesmo em governos ditos de esquerda, muito estranho. E por não sermos idiotas (alienados), ao receber e-mails do serviço dizendo que em tal dia e no outro vai ter muita demanda para o evento Teleton e outro, da Fórmula 1, é um tanto estranho.

A questão não é tanto a Fórmula 1 em si, pois, não tem como fornecer transporte ou meios para alguém ir em uma corrida (depois que o Senna morreu naquele trágico acidente, não vi mais), mas, o Teleton/AACD nós temos que conversar. Todo mundo sabe da história da Associação a Assistência a Criança Deficiente (que um dia teve no nome “defeituosa”) e quem não sabe o link (aqui), pode ser que o fundador teve muitas boas intenções (que também o inferno está cheio). A questão é que a instituição se tornou algo que não deveria ser se tornado, um “cabide de empregos” na diretoria, uma instituição que deixou sempre a desejar por causa de dinheiro e muitas regras do tempo da carochinha que não cabia nem nos anos 90. E nada que saiu de lá foi de graça ou é de graça, fora cirurgias erradas e etc.

E alguns críticos – como eu – definem a instituição como duvidosa por não ater a um tratamento serio e verdadeiro. E, acima de tudo, muitos estão muito piores por causa dos erros médicos, que em qualquer outro pais, seria visto como erros primários.

Saturday, October 19, 2024

O travesti revolucionário

 




 

Amauri Nolasco Sanches Júnior 

- Bacharelado em Filosofia (ainda em estudo), Publicidade e TI (técnico de informática)

 

Karl Marx – filosofo do século dezenove – nunca iria imaginar que iria aparecer travestis revolucionários. Com a cena grotesca de um travesti subindo em uma cadeira em uma mesa acadêmica na Universidade Federal do Maranhão, despertou uma reflexão que eu já dizia desde quando fiz um ano e meio de universidade (meu pai não pode pagar). Dizia que como vi na universidade, alunos universitários não tem posturas universitárias – chegavam ou chegam, com um funk no carro – e não tem maturidade como deveriam ter. Um bando de adolescente (pensando estar no ensino médio) em um ambiente onde o ensino é de conhecimentos mais acima daquilo que lhe aprendeu até então.

Muitos podem dizer que, por razões que desconheço – porque cresci pobre e sou pobre – é um pensamento elitista e que temos, moralmente, que desafiar o sistema. A meu ver, se eu estou estudando um curso universitário (com o conhecimento a mais), se tem que ter uma postura diferente da do senso comum. Se é para eu ser como todo mundo (senso comum), não faria nem o ensino médio. Afinal, por que estou estudando? Platão me convenceu – a cultura ocidental também – que o conhecimento nos levara em um mundo mais verdadeiro fora de uma caverna conceitual de sombras alienatórias de uma narrativa escravagistas. Mas, Nietzsche dizia que, o corpo pode nos dar um certo conhecimento.

E vamos ter que voltar até Platão em Teeteto, quando Sócrates perguntou: “o que é o conhecimento?” e com essa pergunta, se fez toda uma investigação epistemológica (episteme=conhecimento logos=estudo) dentro do pensamento filosófico.  A pergunta de Sócrates nos remete conhecimento como conhecer, aquilo que queremos entender como realidade. Com isso, se lançou as bases da epistemologia, uma área da filosofia que estuda a natureza, a origem e o escopo do conhecimento. Ora, uma definição (bastante famosa) do conhecimento, que surge das discussões platônicas, é que o conhecimento é uma crença verdadeira justificada. Isso significaria que para que algo seja considerado conhecimento, deve ser: uma crença (você tem que acreditar nisso), verdadeira (a crença deve corresponder à realidade) e justificada (deve haver uma boa razão para você acreditar).

O problema é que usaram a teoria da estruturação do preconceito de Michel Foucault e se esqueceram do Problema de Getter, onde esta definição foi desafiada pelo filosofo americano Edmund Getter em 1963. Segundo ele, uma crença verdadeira justificada ainda poderia não ser considerada conhecimento devido ou coincidência. Por exemplo, poderíamos pegar um relógio que tem 24 horas e sem você saber, o relógio parou de alguma forma e se esta vendo 14 horas. Mas, por coincidência, são exatamente 14 horas naquele momento. Você acredita que são 14 horas e sua crença é verdadeira, porque é realmente 14 horas e você tem a justificativa por olhar no relógio.

O grande problema nisso tudo é que você está se baseando em algo, completamente, acidental: um relógio parado. E assim, poderemos dizer, que mesmo que a crença seja verdadeira e justificada, não poderíamos dizer que você realmente “sabe” que são 14 horas. Ora, esse tipo de situação nos desafia a ir muito além da definição tradicional de conhecimento e mostra que a crença justificada pode não ser suficiente para explicar plenamente o que deve ser o conhecimento. Ou seja, o preconceito estrutural (seja ele qual for) são crenças justificadas que não se encaixam na realidade, uma coisa é você ser discriminado pelo seu corpo, outra coisa você “chocar” fazendo coisas eróticas pensando que esta ajudando a deixar em ter preconceito.

Nesse caso – como um pós-estruturalista que há uma essência humana – preconceitos estruturais podem ser vistos como crenças que são justificadas dentro de um contexto social, cultural ou históricos, mas que não refletem a realidade. Alguém, por exemplo, pode justificar a discriminação por ter a crença que todas as pessoas com tais características corporais (de um certo grupo) compartilham características negativas, se baseando em estereotipo amplamente ou em experiencias pessoas limitadas. Por outro lado, as crenças justificadas são achar (doxas), que essas “características negativas” vão acabar com outras consciências negativas de afronta. Isso não atrai o debate e sim, espanta o debate e afasta a grande maioria de um debate sério e franco.

Wednesday, October 09, 2024

PABLO MARÇAL: O JOGO DO TIGRINHO DA POLÍTICA

 




Há, dentro e fora das redes sociais, uma discussão sobre “bets” (jogos de aposta online), e como ela pode impactar uma sociedade em um modo econômico (como as pessoas gastam em algo que, em tese, não voltaria para eles) e psicológicas (como se viciar no jogo ao ponto de não ter uma vida). Mais ainda, pois, segundo Renato Meirelles – presidente do Instituto Locomotiva – o crescimento das apostas online tem a ver com a insatisfação com os empregos. No programa Roda Viva (TV Cultura/7 de outubro), meirelles ainda faz um paralelo com Pablo Marçal, porque se o aumento de apostas online tem a ver com a insatisfação com os empregos (enriquecimento rápido), Marçal seria a grande promessa de mudança na política de mudanças rápidas.

Muito tem se discutido sobre duas coisas da nossa cultura: uma é a mesquinhez e outra é a vantagem em tudo. Uma pessoa mesquinha sempre tem um comportamento egoísta de segurar recursos (ou bens), seja dinheiro, tempo, ou até mesmo, gentileza. Suas origens pode ser de uma mentalidade de pobreza (ou escassez), onde a pessoa acha que se der um pouco, vai ficar sem nada. Isso cria toda uma “áurea” viciada de desconfiança e competição. E isso, na prática, pode ser manifestado em pequenas ações do dia-a-dia, como evitar contribuir em trabalhos em grupos ou não dividir informações uteis para todo mundo. Com o tempo pessoas desse perfil, inevitavelmente, podem perder amizades ou perder contato com membros familiares, porque ninguém gosta de sentir (ser trouxa) de uma pessoa que sempre quer levar vantagem ou não se importar em compartilhar.

Isso se mostrou claro na transformação das manifestações de 2013, que não tiveram nenhum partido ou nenhum líder outsider, para movimentos de polarização entre a direita (que se transformou em um movimento bolsonarista em 2018) e a esquerda que tem o discurso que ali já houve uma movimentação de um movimento contra Dilma Rousseff (mesmo que foi provado que o grupo Black Block, eram financiados pela a esquerda para separar as manifestações e ficar culpando eles pelo quebra). A questão é: a esquerda (que era a quebra das regras e a critica do sistema) se torna uma forma patética de conformismo e a direita bolsonarista, se torna uma forma patética de uma revolução anarcomilitar (que daria, em tese, o poder as Forças Armadas) e que se torna algo como um antissistema. Mas, no fundo, a mesquinhez esta ali com falas como: “pela minha família”, “pelo meu Deus”, “pelo meus princípios” etc,. que demonstra uma preocupação não pela sociedade brasileira, mas, seu próprio clã (isso poderemos ver entre o clã Bolsonaro).

Já a vantagem seria como estar sempre em um jogo em que só um pode vencer. Podemos dizer que seria uma mentalidade de competição extrema – como toda hora estaria em competição – onde cada pequena oportunidade de lucro ou benefício é aproveitada. Podemos enxergar isso dentro de firmas (as histórias que nosso pai conta), onde há um grande clima de competição (vantagem) em prejudicar o outro por causa de medo de ficar sem (mesquinhez). Quantas vezes as pessoas te elogiam, mas não te indicam por medo de perder teu emprego ou cargo? A mesquinhez faz com que você queira que o outro seja menos e você tenha mais, enquanto a vantagem sempre será aquilo que vai ser mais e enganar os outros. As bets são a vantagem e quando se perde, para não admitir que perdeu, se joga, joga, e muitas vezes, se perde tudo,

Mas e na política? Por que se gosta de outsiders que querem salvar da corrupção? Mesquinhez e vantagem. A figura do Bolsonaro foi vista como o grande líder que iria tirar todos os atos de corrupção, não por ética (que Aristóteles dizia que teria de ser prática), mas inveja de não estar lá participando. Todas as pessoas bem-sucedidas no Brasil são vistas como inimigas do povo, são os “milionários escrotos”. Só vê como oram algumas pessoas, termos como “me dê, meu Deus”, como se Deus fosse só dela. E assim, Pablo Marçal aparece como um novo líder que levara a todos em uma grande bonança. Será mesmo? será que quando subisse ao poder não seria um outro Bolsonaro? São questões muito mais relevantes que levantam hipóteses interessantes sobre nossa cultura e como ela foi construída, e indo mais adiante, como ela tem que ser mudada dentro de uma educação eficiente.

Meirelles não se ateve que há muito mais elementos culturais do que elementos de hoje, pois, há vícios muitos sérios que deveriam ser repensados dentro do Brasil. Os grandes especialistas e intelectuais sempre analisaram as coisas do Brasil fora da realidade da nossa cultura, fora das periferias, fora das origens brasileiras.


Amauri Nolasco Sanches Júnior

Wednesday, September 25, 2024

"FEIOS": UM ESPELHO DA ERA DIGITAL E A PROFECIA DE MCLUHAN

 





Muitas obras cinematográficas tem impactos sociais como o filme baseado na obra literária homônima “Laranja Mecânica” – livro de Anthony Burgess – (que ainda não li), ou “Admirável Mundo Novo” de Adous Hexley entre outros. Assim, com os clássicos, poderemos fazer uma analise sistemática sobre a sociedade e sobre como formas de informação podem afetar os meios onde estão inseridos. Muitos acham que as obras cinematográficas de hoje são obras “lacradoras” – como dizem os bolsonaristas – e não dão a mesma atenção devida por causa da falta da estética clássica que os colocam em sintonia reacionária de um passado que nunca existiu.

Em uma estética mais dentro do novo conceito de critica social – como o meio ambiente e a estética virtual dentro da imagem – o filme “Feios” (Ugles), tem a proposta de nos fazer refletir dentro da ótica do novo tempo e das novas tecnologias de informação. Onde a estética virtual (como potencialidade de ser real) se torna necessária para ser aceito dentro de um determinado setor. Sendo a historia – acontecendo milhares de anos após os eventos climáticos – uma critica, também, social como o mundo não pensou em ter energias limpas e continuas. Mas, só isso não fez do ser humano algo sem classes ou sem guerras, assim, a natureza humana em ver diferenças e não aceitar essas diferenças, fez cientistas pesquisarem uma maneira de modificar o modo genético e colocar um tipo de filtro que deixaria as pessoas perfeitas aos 16 anos.

A adolescência – que é uma definição bastante recente – tem a ver com o modo que lhe damos com o corpo, a angústia de ser aceito, o modo de aceitar como você é. Antes disso, a adolescência tem a ver de tomar figuras como referência, como se seguir para ser aceito socialmente, seja em um modo parental, seja em um modo social como modelo de saída da família e o aspecto de aceitação social. Os ídolos, os fãs clubes, e todas essas coisas, aparecem dentro da adolescência como tipos de modelos de lideres. Se antigamente os artistas tomavam esse lugar – alias, muito antigamente eram os heróis mitológicos, reis e cavaleiros – hoje temos os influencers e esses que o filme retratam. O sonho de estar na cidade dos “perfeitos”.

Os estudos em comunicação aumentaram depois da Segunda Guerra Mundial por causa do aquecimento do mercado e a popularidade da TV e o rádio, nos EUA. Os fascistas e os nazistas tinham deixado um paradigma dentro da comunicação de massa, pois, conseguiram unir uma nação inteira contra um inimigo em comum. Sem mentir. Sem discursos demagógicos. As nações “democráticas” queriam saber o porquê, assim, a comunicação como causador de informação – graças o crescimento da publicidade, que nos EUA chamavam de “mad man” – que poderia educar ou vender uma ideia. Claro, que muito raramente, foi um meio para educar (que é uma longa discussão desde Platão).

Nos anos 60, o auge do capitalismo americano, um pensador da comunicação com o livro “Os Meios de Comunicação”, Marshall McLuhan (1911-1980), dará um outro tom a teoria da comunicação. Na verdade, McLuhan, propõem que “o meio é a mensagem”, enfatizando a importância da forma como a informação é transmitida em detrimento do conteúdo em si. Além disso, ele alertou na questão de uma padronização e a superficialidade características das mídias eletrônicas, assim, antecipadas por McLuhan, podemos dizer que encontram eco na contemporaneidade, com as redes sociais desempenhando um papel central na disseminação de padrões de beleza (idealizados) e em uma construção de uma identidade virtual.

Ou seja, quem estuda comunicação no meio da Teoria Critica (não menos importante) se limita a ficar em um modo critico dentro da perspectiva social – como se o meios de comunicação fosse meios de esclarecimento – mas, meu intuito é muito mais do que ter uma visão critica nos meios do conteúdo abstrato dentro das mídias digitais e tradicionais (TV e rádio). Dai fica bem interessante, pois, na essência essa padronização é um retrato e a essência de teorias como a eugenia, mas, existiam uma estética nazista e um ideal germânico de superioridade alemã. Essas padronizações estéticas, transformam o ser humano em um modo padronizado que levara ao abandono da individualidade de cada ser humano.

Para sermos coerentes – por acreditar e seguir a teoria libertaria (segundo alguns intelectuais, um anarquismo de direita) – a mídia deve ter liberdade de opiniões e ser totalmente privatizada. Mas, existe um porem, se vimos dentro da ótica libertaria o filme “Feios”, tendemos a olhar de uma ótica de opressão das aparências. Eu tenho que ser “bonito” para um “bem maior” ou como acontece nos últimos acontecimentos, tenho que apoiar certas atitudes ditatoriais “pela democracia”. Na obra cinematográfica, podemos ver que há uma certa dinâmica ditatorial da aparência e como essa aparência não pode se “misturar” com os chamados “feios”. Só que as questões de bonitos e feios são subjetivas, posso achar que as garotas de hoje com seu “silicone” ou com seu “botox”, criam padrões que devem ser seguidos por todos e todos devem dividir essa experiencia. Outra teoria, além da comunicação de McLuhan, tem a Teoria da Estupidez do teólogo e prisioneiro nazista, Dietrich Bonhoeffer, que participou da resistência contra os nazistas.

A pergunta dele era bastante simples: como um povo culto como os alemães elegeram e apoiaram um regime que destruiu a Alemanha depois da guerra? Sim, os alemães eram e ainda são, um povo culto e que amam a alta cultura e tomaram como suas teorias ilógicas que os nazistas defendias. Ou seja, não eram um povo ignorante. Sabiam ou deveriam saber que a crise não era só alemã – com o Tratado de Versalhes – mas, uma crise mundial graças a recessão de 29. Mesmo assim, acharam que a culpa da crise era o povo judaico, ou seja, a estupidez era tanta que simplificaram o problema.

Ora, voltando ao filme, uma das características da estupidez é a padronização. A padronização tem um ar de simplificar coisas complexas em coisas mais simplificadas. Como todo mundo da esquerda é comunista, todo direita é fascista e coisas genéricas como esta. Mas, indo muito além, a beleza é subjetiva e deveria ser assim sempre

Friday, September 20, 2024

ELON MUSK NÃO É HERÓI, CONSTANTINO TEM RAZÃO

 

Saiu uma notícia que Musk está para ser considerado como primeiro trilionário do mundo (acho que de hoje). Então, pensando em uma lógica ADM (Administração), as empresas que ele é CEO ou são dele (se ele fundou ou não, é uma outra história), tem que cumprir metas. Porque é essa a demanda de qualquer empresa, seja ela virtual ou não. A meta do X (ex-Twitter) tem que bater em anúncios – como toda rede social – e qualquer empresário que se prese, não será “doido” de perder dinheiro. O Brasil tem uma fatia muito grande dentro de qualquer rede social e as empresas que são essas redes, tem que ser muito mais realistas do que idealistas.

Rodrigo Constantino escreveu:

“O Brasil não vai ser salvo por um gringo bilionário herói. Ou o povo brasileiro assume as rédeas de seu destino, ou vai acordar na Venezuela e será tarde demais”

Concordo em partes. Em todo artigo, Constantino disse o obvio, mas ainda sim, foi muito idealista. Não acho que ele tem um xadrez 4D, acho que viu que o brasileiro não tem a mesma iniciativa do americano, precisa de líderes. Enquanto os americanos tomaram como ponto de libertar a “Nova Inglaterra” dos impostos cobrados pela Gran Bretanha, o Brasil foi libertado por assumir dívidas de Portugal e aliviar a receita de Dom João VI. Enquanto houve uma guerra civil para libertar os negros e os EUA fosse a terra da liberdade, o Brasil armou um golpe contra o imperador e os negros foram jogados nas periferias sendo discriminados e sendo tratados como sempre foram, escravos e marginalizados. Pior ainda, mentiram para muitos pobres europeus (como os italianos) para trabalhar nas fazendas e ter dinheiro para ter sua própria fazenda, coisa que na maioria das vezes, não acontecia.

Ou seja, sendo em um modo ideológico que a América forjou como liberdade – aí está uma discussão gigantesca – todas as idealizações que ela poderia ter graças a definição dos iluministas. O economista e filosofo libertário, Murray Rothbard (1926-1995), sempre disse que a motivação de liberdade sempre foi liberal e os ideais libertários libertaram os EUA. Claro, depois ele começa uma crítica sobre os conservadores – de um governo com exércitos e impostos – que os Estados Unidos não tiveram tanta liberdade, porque não se quis ter essa liberdade. O ponto é: a liberdade não vai ser feita por Musk, não vai ser feita por nenhum herói e sim, pelo estudo e um trabalho de entendimento do político como ela é. Não partidária, não heroica e sim, a essência das sociedades e discussões mais amplas. 


O Brasil não vai ser salvo por um gringo bilionário herói