Amauri Nolasco Sanches Júnior
- Bacharelado em Filosofia (ainda em estudo), Publicidade e TI (técnico de informática)
Karl Marx – filosofo do século
dezenove – nunca iria imaginar que iria aparecer travestis revolucionários. Com
a cena grotesca de um travesti subindo em uma cadeira em uma mesa acadêmica na
Universidade Federal do Maranhão, despertou uma reflexão que eu já dizia desde
quando fiz um ano e meio de universidade (meu pai não pode pagar). Dizia que
como vi na universidade, alunos universitários não tem posturas universitárias
– chegavam ou chegam, com um funk no carro – e não tem maturidade como deveriam
ter. Um bando de adolescente (pensando estar no ensino médio) em um ambiente
onde o ensino é de conhecimentos mais acima daquilo que lhe aprendeu até então.
Muitos podem dizer que, por razões
que desconheço – porque cresci pobre e sou pobre – é um pensamento elitista e
que temos, moralmente, que desafiar o sistema. A meu ver, se eu estou estudando
um curso universitário (com o conhecimento a mais), se tem que ter uma postura
diferente da do senso comum. Se é para eu ser como todo mundo (senso comum),
não faria nem o ensino médio. Afinal, por que estou estudando? Platão me
convenceu – a cultura ocidental também – que o conhecimento nos levara em um
mundo mais verdadeiro fora de uma caverna conceitual de sombras alienatórias de
uma narrativa escravagistas. Mas, Nietzsche dizia que, o corpo pode nos dar um
certo conhecimento.
E vamos ter que voltar até Platão em
Teeteto, quando Sócrates perguntou: “o que é o conhecimento?” e com essa
pergunta, se fez toda uma investigação epistemológica (episteme=conhecimento logos=estudo)
dentro do pensamento filosófico. A pergunta
de Sócrates nos remete conhecimento como conhecer, aquilo que queremos entender
como realidade. Com isso, se lançou as bases da epistemologia, uma área da
filosofia que estuda a natureza, a origem e o escopo do conhecimento. Ora, uma definição
(bastante famosa) do conhecimento, que surge das discussões platônicas, é que o
conhecimento é uma crença verdadeira justificada. Isso significaria que para
que algo seja considerado conhecimento, deve ser: uma crença (você tem que
acreditar nisso), verdadeira (a crença deve corresponder à realidade) e
justificada (deve haver uma boa razão para você acreditar).
O problema é que usaram a teoria da
estruturação do preconceito de Michel Foucault e se esqueceram do Problema de
Getter, onde esta definição foi desafiada pelo filosofo americano Edmund Getter
em 1963. Segundo ele, uma crença verdadeira justificada ainda poderia não ser
considerada conhecimento devido ou coincidência. Por exemplo, poderíamos pegar
um relógio que tem 24 horas e sem você saber, o relógio parou de alguma forma e
se esta vendo 14 horas. Mas, por coincidência, são exatamente 14 horas naquele
momento. Você acredita que são 14 horas e sua crença é verdadeira, porque é
realmente 14 horas e você tem a justificativa por olhar no relógio.
O grande problema nisso tudo é que você
está se baseando em algo, completamente, acidental: um relógio parado. E assim,
poderemos dizer, que mesmo que a crença seja verdadeira e justificada, não poderíamos
dizer que você realmente “sabe” que são 14 horas. Ora, esse tipo de situação nos
desafia a ir muito além da definição tradicional de conhecimento e mostra que a
crença justificada pode não ser suficiente para explicar plenamente o que deve
ser o conhecimento. Ou seja, o preconceito estrutural (seja ele qual for) são crenças
justificadas que não se encaixam na realidade, uma coisa é você ser discriminado
pelo seu corpo, outra coisa você “chocar” fazendo coisas eróticas pensando que
esta ajudando a deixar em ter preconceito.
Nesse caso – como um pós-estruturalista
que há uma essência humana – preconceitos estruturais podem ser vistos como crenças
que são justificadas dentro de um contexto social, cultural ou históricos, mas
que não refletem a realidade. Alguém, por exemplo, pode justificar a discriminação
por ter a crença que todas as pessoas com tais características corporais (de um
certo grupo) compartilham características negativas, se baseando em estereotipo
amplamente ou em experiencias pessoas limitadas. Por outro lado, as crenças justificadas
são achar (doxas), que essas “características negativas” vão acabar com outras consciências
negativas de afronta. Isso não atrai o debate e sim, espanta o debate e afasta
a grande maioria de um debate sério e franco.
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