nova leitura do símbolo clássico da AACD |
Amauri Nolasco Sanches Júnior – filosofo
Vamos falar serio. Quando tinha,
mais ou menos, uns 3 anos de idade, minha mãe me levava no SESI, no colo e
gravida do meu irmão com um ônibus podre, barulhento e sem o acento
preferencial. Ia em cima do meu irmão – por causa da barriga – por causa da
quase eterna má educação do brasileiro. Já na AACD – que meu pai sempre pagou – minha mãe deixava meus irmãos com meus
avós e quando não tinha jeito, leva eles e sempre a má educação reinava no Brasil
como um povo mesquinho e que sempre quer levar vantagem em tudo.
Convivo com minha deficiência desde
minha tenra infância e nasci no governo Medici (ditadura dos militares) e vi a transição,
alias, vi e lembro. Não tínhamos direito nenhum e muito menos, transporte
adequado para isso. Uma amiga (vários amigos eram ou são petistas por motivos óbvios),
disse uma vez (quando estudávamos juntos) que o projeto das vans para pessoas
com deficiência estava nas mãos da prefeitura desde a gestão da prefeita Luiza
Erundina (na época, do PT). Mesmo assim, a prefeitura não quis implantar o
projeto e ficou por anos na gaveta (aliás, nesse tempo o transporte todo era
estatal).
Se não me engano – depois de tanto
tempo – o projeto sai do papel coma gestão do prefeito Paulo Maluf (PP), para
ter recursos do estrangeiros e para isso teria que implantar um projeto dentro
de alguma parte das minorias, e o ATENDE (SPTrans, empresa mista entre a
prefeitura e uma outra empresa), onde vans iria porta a porta para cadeirantes
que, realmente, tinha dificuldade de tomar um ônibus. Qual cidade não queria
ter um serviço desses? Qualquer uma do Brasil inteiro, que tem que aguentar humilhação
de Uber (que eu não uso) e tudo mais. Mas, existem falhas e muito mais coisas
para as pessoas com deficiência que não funcionam em São Paulo e nem no Brasil inteiro.
A questão do ATENDE é que são muito
poucas vans para uma cidade enorme como aqui. Para se ter ideia, caberia duas bélgicas
aqui, ou dois Portugal, fazendo com que pensamos na dimensão que é o Brasil. Milhares
de pessoas com deficiência são humilhadas, não podem estudar, não podem
trabalhar e não podem ter lazer porque o transporte é escasso e tem que ser agendado.
Seja o transporte publico como o transporte particular, que porventura, também é
bastante escasso. Os taxistas reclamam que não ganham bem, não vão trabalhar e
os poucos que ficam, tem uma demanda muito grande e fazem um serviço ruim. Quem
vamos reclamar sobre isso? A prefeitura sabe que transportes como esse são transportes
insignificantes, que deveriam ser maiores que são e geram desconforto e muita angústia
para pessoas com deficiência.
Por quê? As pessoas acham que ter inclusão
e acessibilidade é apenas colocar uma rampa ou doar cadeira de rodas ou outros
aparelhos, mas, a inclusão tem que ser um ato político entre a pessoa com deficiência
e a sociedade. Se a inclusão é um ato político – de associação entre todos em
uma sociedade (Polis) – porque somos cidadãos da cidade como qualquer pessoa
que mora aqui. Ou em qualquer país no mundo. A questão é debatida a séculos: o
que é uma deficiência e somos seres humanos? Primeiro é definir a deficiência como
uma condição e não aquilo que você é, depois temos que definir como poderemos
ser chamados de seres humanos. Por causa da nossa consciência e nossa capacidade
de construir uma subjetividade (o cogito cartesiano do “eu penso, logo sou”),
dentro daquilo que se forma como objeto (sensível) e aquilo que ouvimos,
cheiramos ou sentimos (inteligível).
Definindo isso e como não somos nem
seres sem consciência ou de “outro mundo”, podemos dizer que não somos idiotas.
E idiota nesse contesto – talvez, foi a definição que Lenin usou, se é se disse
isso mesmo – quer dizer uma pessoa alienada dentro da capacidade de entender o
que está acontecendo. Claro, nem todos são estudados ou que não são alienados
(sim, definição de Marx), e existe pessoas que deixam pra lá, para não discutir.
Mas, a anos venho alertando sobre atos do serviço ATENDE até mesmo em governos ditos
de esquerda, muito estranho. E por não sermos idiotas (alienados), ao receber e-mails
do serviço dizendo que em tal dia e no outro vai ter muita demanda para o
evento Teleton e outro, da Fórmula 1, é um tanto estranho.
A questão não é tanto a Fórmula 1
em si, pois, não tem como fornecer transporte ou meios para alguém ir em uma
corrida (depois que o Senna morreu naquele trágico acidente, não vi mais), mas,
o Teleton/AACD nós temos que conversar. Todo mundo sabe da história da Associação
a Assistência a Criança Deficiente (que um dia teve no nome “defeituosa”) e
quem não sabe o link (aqui), pode ser que o fundador teve muitas boas intenções
(que também o inferno está cheio). A questão é que a instituição se tornou algo
que não deveria ser se tornado, um “cabide de empregos” na diretoria, uma instituição
que deixou sempre a desejar por causa de dinheiro e muitas regras do tempo da
carochinha que não cabia nem nos anos 90. E nada que saiu de lá foi de graça ou
é de graça, fora cirurgias erradas e etc.
E alguns críticos – como eu –
definem a instituição como duvidosa por não ater a um tratamento serio e
verdadeiro. E, acima de tudo, muitos estão muito piores por causa dos erros médicos,
que em qualquer outro pais, seria visto como erros primários.
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