“Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser imbecil: ambas, com efeito, são formas da hemiplegia moral" Ortega y Gasset
“Pessoas
patéticas, vazias e improdutivas não se importam com a perda de liberdade,
porque não estavam fazendo nada com ela de qualquer jeito. Muitas delas gozam
com o fardo de liberdade dos outros, porque isso as faz se sentirem melhores em
relação às suas miseráveis existências.” — Murray Rochard
Nessa sexta dia 30 de agosto, o ministro do STF, Alexandre
de Moraes, mandou um ofício para a Anatel (que cuida das telecomunicações ou
deveria), que a rede social do empresário americano, Elon Musk, seja bloqueada
e quem usar VPN para entrar nela, será multado em 50 mil reais. Um dos últimos comentários
do X, disse assim:
"O Brasil, na verdade, adora uma censura
quando mexe com seu político de estimação"
Essa postagem foi uma resposta a um post do Danilo
Gentili sobre censura e não deu outra, simplesmente aconteceu o que eu disse.
Mas, se quando o ministro – que uma hora vai acontecer, com certeza – começar a
perseguir o pessoal da esquerda também, todo esse “amor” e fidelidade pelo
pátria amada Brasil, irá se dissolver e começarão dizer que estão sendo censurados
e a esquerda chamara o STF e Moraes de fascista. Logico que, a grande maioria,
nem mesmo vai saber o que é fascismo.
Claro, existem leis legais que as empresas têm que
cumprir, que muitas vezes, não são cumpridas e sabemos que não. O que está em discussão
são as medidas “seletivas” que algumas autoridades começam a lançar contra
meios de comunicação populares (redes sociais ou mídias sociais). Dai temos que
falar de liberdade. O que é a liberdade? É uma pergunta feita por filósofos a
muito tempo e vem despertando vários pensamentos e ideias, pois a liberdade
depende de autonomia. A questão sempre foi cinza, confusa, pois, não existe
mais uma liberdade plena dentro do que a essência do termo exige.
Quando o “super juiz” bloqueou o X, não foi só o
Elon Musk atingido, mas, milhares de pessoas que tinham o direito ao uso da
rede social. Informações que eram averiguadas e checadas – internacionalmente –
pessoas divulgando seu trabalho, líderes mundiais estão lá dando informações e
tudo caiu. Históricos inteiros e uma vasta gama de conversas, seguidores, arquivos
e existiam pessoas que usavam o X como rascunho (por que não?) de livros que
escreveu ou estão escrevendo. Medidas como esta são, no mínimo, irresponsáveis.
Se a justiça é incompetente o bastante para não conseguir prender meia dúzia de
golpistas lá nos EUA, o que milhares de pessoas tem a ver com isso?
Chega a ser até irônico um ministro do supremo
dizer que “o Brasil não é terra sem lei”, pois, se fosse terra com leis não aconteciam
tantas coisas assim. Como corruptos sendo soltos, milhares de pessoas na fila do SUS sem atendimento (como minha noiva que espera a anos), pessoas com deficiência
tinham acessibilidade, estudo e emprego (pois não tem nenhuma dessas coisa). Fora
a insegurança de sermos assaltados, mulheres serem violentadas e etc. Dai vem a
pergunta: como assim, o Brasil é terra com lei?
<<Dizem que o X deve se submeter a lei
brasileira, mas todo mundo sabe que no Brasil os amigos têm tudo, e para os
inimigos sobra a lei. O super juiz vai jogar o país no obscurantismo dizendo
que é para salvar a democracia.>>
(filosofo Luiz Felipe Pondé/X-MUSK)
As democracias modernas – que são classificadas
como liberais – sempre foram um fetiche para a classe burguesa desde a
derrocada da revolução francesa. Na antiguidade, as democracias – daí vem a
tradução errada de demo e kratos, porque demo, na verdade, era termo para
bairro e kratos, poder – eram só de homens livres e eram menos pessoas para
votarem e serem votados. Existe um problema nesses dois exemplos, o paradoxo da
democracia, ou seja, uma democracia também pode gerar um individuo que pode
acabar com ela. Como aconteceu na Alemanha nos anos 30, como aconteceu na
Itália nos anos 20.
O grande problema das democracias modernas são os
poderes que deveriam protege-lá. Por que? Na nossa cultura, o brasileiro médio
– que se acha rico e se acha detector da verdade – sempre foi hipócrita e todos
nós sabemos disso. Vivemos nas periferias da vida. Como disse no próprio X, por
causa da sua mesquinhez, sacrifica o que lhe diverte ou aquilo que é bom em uma
sociedade, em nome de ideologias, religiões etc, para ver o “coleguinha” se
ferrar.
Mesmo porque, a grande maioria defende aquilo que
lhe interessa. Não esta preocupado com o colega usa decentemente a ferramenta
(no caso, as redes sociais), só interessa sua ideologia preferida. Suas
convicções religiosas. A ética aqui morre para atender algumas demandas dentro
daquilo que ele pensa (se pensa). Nesse sentido, o filosofo Luiz Felipe Pondé
tem razão, pois, “os amigos têm tudo, e para os inimigos sobra a lei”. Única
coisa que deixou de fora foi os parentes, porque herdamos o “grude” de parentes
que nem sempre são agradáveis. Mas, o “super juiz”, vai jogar o país no
obscurantismo e dizer que tudo não passa de atos para manter a democracia.
Claro que existem leis que Musk deve seguir e acho,
sinceramente, ele deveria ser mais inteligente e nomear um representante e
reabrir escritório (embora o jornalista Felipe Moura Brasil disse que
escritório não fechou) e meter um processo. Se cada cidadão processasse o
Estado por causa das suas incompetências, o Brasil repensaria sua atuação
administrativa pública. Seus impostos seriam melhor empregados. A questão aqui
é outra: qual interesse político em bloquear o X aqui no Brasil?
Se pensarmos bem vamos perguntar: será que o site
OnlyFans tem representação no Brasil? Como um filosofo que sou, tenho que
entender onde está na Constituição você tem que ferrar o coleguinha para
cumprir leis, que até ontem, eram ignoradas. Dai a pergunta e eu mesmo
respondo: o site OnlyFans não mexe com política, ainda deixa o povo alienado, não
oferece nenhum perigo. Na verdade, democracias são voláteis e carecem sempre de
interesses.
Mesmo não apoiando em nada o deputado André Janones,
temos que reconhecer que ele fez a pergunta certa como deveria ser perguntado:
". Quando vocês vão aprender A PAUTAR ao
invés de ser pautado?"
O que quer dizer? Quer dizer que, está perguntando
quando que esse povo vai aprender a dar o tom da conversa e não ir na “onda” de
narrativas manipuladoras que pautam você mesmo. Na verdade, a pergunta de Janones
tem a ver com a maiêutica socrática. Pois, antes de nos importarmos com a pauta
da linguagem neutra – que vale ressaltar que sempre dará certo no inglês porque
no inglês os pronomes já são meios neutros. Ao contrário do português – temos que
aprender gramática e aprender a ter uma visão mais crítica dos assuntos.
No livro Para Ler e Escrever Textos Filosóficos de
Claudinei Luiz Chitolina diz, que a maior criação humana foi a escrita, pois, através
da escrita o ser humano começou a criar e colocar em papiro – folhas feitas de
junco – aquilo que havia feito no passado e assim, criamos a tradição. Por mais
que o ocidente moderno tenha se distanciado da tradição – e foi muito criticado
por Nietzsche por isso e o “Deus está morto” tem a ver com isso – ainda há focos
de resistência de se manter a tradição de alguma forma. Mas, a meu ver, um
filosofo sempre sai do senso comum.
A pergunta de Janones tem a ver com o outro texto
que eu escrevi sobre o espírito de rebanho, onde as pessoas não sabem pautar um
assunto e não sabem nem opinar sobre. Isso diz muito sobre a educação brasileira.
Há dois conceitos que são importantes na filosofia –
seja qual ramos de estudo e até mesmo, na filosofia política – que o professor Paulo
Ghiraldelli Jr sempre disse: o banal enquanto meio de dissolver aquilo como conceito
e o leigo culto (que o professor Vitor Lima (INEF) adotou por ter sido aluno de
Ghiraldelli), que é o individuo que busca o conhecimento para ir muito além daquilo
que os outros acham que deve ir. Em um modo mais amplo, a filosofia nos mostra
como ir mais além do senso comum e assim, tende a ter uma certa raiva desse
senso comum e sai dele como se o conceito comum lhe parasitasse. Nisso eu
concordo com o Paulo. Em seus vídeos – mesmo eu não concordando com muito deles
– Ghiraldelli tira o povo do conforto e dá a ele algo desconfortável. Ser um
leigo culto não é ler aquilo que concorda e te faz sentir feliz, é também, confrontar
suas próprias ideias.
Aí vamos analisar um post de um perfil chamado
PORRADA FILOSÓFICA no X-MUSK:
<<Gadaiada enfurecida aqui porque disse que os
primeiros responsáveis para combater os focos de incêndio são os prefeitos e
governador de SP. Uma gente tosca que vota no Estado mínimo, mas exige Estado
máximo. Governo federal já agiu e não vai deixar que queimem os cascos.
Relaxem!>>
Um perfil chamado PORRADA FILOSÓFICA achando que
esta dizendo verdades e só escreveu obviedade. A questão de que prefeitos e governadores
de São Paulo ter apagado o fogo, não tira a responsabilidade do governo federal
de tomar providencias sobre o incêndio que, como tudo indica, foi criminoso. Isso
não rebate aqueles que querem o estado mínimo (como eu), mas temos sim de
cobrar posturas mais competentes para combater o fogo ou outras catástrofes ambientais
como aconteceu no Sul. Ou não se paga imposto? Se se paga imposto, então, se tem
que cobrar posições de dar a população. Como disse em um artigo em um blog do
Medium – que acabei aposentando por não gostar do layout – ser libertário (não ANCAP)
é defender um estado mínimo como garantidor de direitos e bem-estar para a população.
Mas não sou idealista o bastante para achar que existe esse estado, e sim, sou
realista e um cético politicamente.
Dai tenho duas perguntar para o perfil com um nome
PORRADA FILOSÓFICA: o que seria o pensamento filosófico? E o porque que pessoas
antissistema acabam tendo um líder político de estimação? Claro, analisando bem
a questão do modo semântico que o autor escreveu seu texto, me parece bastante
uma semântica olavista. Olavo de Carvalho – que se intitulava filosofo – sempre
ficava atacando e nunca analisava as coisas de forma ampla. Porque só lia o que
lhe interessava. Isso gerou o que o Olavo chamou de Vida Intelectual graças um
livro do mesmo nome de um padre, onde ele constrói toda uma narrativa como as
pessoas teria que ter uma viva intelectual. Só que não existe. Primeiro, as
pessoas não devem só escutar ou ler aquilo que elas gostam e sim, deveriam ler
aquilo que não concorda. Mesmo porque, se você não conhece aquilo que você não apoia,
não vai criar uma crítica coerente.
Quem estuda filosofia sério ou academicamente
sabe, que o pensamento filosófico tem a ver com a forma com que compreendemos a
realidade e nos baseamos na reflexão crítica (Kant) e no questionamento mais
profundo (Sócrates) sobre questões fundamentais da existência humana (Sartre). E
vai muito além do que explicações cientificas e religiosas, investigando a natureza
da vontade, da moralidade, da ética e dos valores. A filosofia (como criadora
de conceitos) não seria um conjunto de conhecimentos prontos e sim, uma forma
de pensar e uma postura diante do mundo. A filosofia, como uma ave de rapina (não
a toa, o símbolo da filosofia é a coruja de Atenas), observa os acontecimentos além
da sua aparência imediata (epoché) e pode se voltar para qualquer objeto, desde
a ciência até o pensamento religioso. Também, vimos isso no pensamento artístico
e na vida cotidiana (podemos incluir as redes sociais).
Em resumo, comparando o pensamento filosófico com
a porrada filosófica, seria um exercício crítico e reflexivo que busca
compreender e questionar diversos aspectos da existência humana. Ou seja, temos
que ir além das banalidades humanas – que Nietzsche chamava de humano demasiado
humano – e sempre ver além do que todo mundo ver, porque você não pode mais ser
mais um nessa história.
E diante dessa explicação o que seria um
pensamento filosófico, poderemos responder a segunda pergunta. Ora, pessoas
antissistema frequentemente se sentem desiludidas com as instituições tradicionais
e buscam alternativas que prometem mudanças radicais. Isso tem a com identificações
com as narrativas, onde líderes antissistema (ou dizem ser) costumam usar uma
retorica que ressoa com as frustrações e desejos de mudanças dessas pessoas. ou
melhor, se mostram como outsiders que desafiam o status quo. Também existe o
fator do carisma desses líderes que frequentemente possuem e se tornam símbolos
de resistência e esperança para os seguidores. Para isso, esse líder identificam
inimigos comuns (como a mídia, o sistema político tradicional, etc.), unindo
seus seguidores contra esses alvos e fortalecendo a coesão do grupo. Eles
tendem a oferecer soluções simples para problemas complexos, o que pode ser
atraente para pessoas que se sentem sobrecarregadas ou desiludidas com a
política tradicional. Seguir um líder antissistema pode proporcionar um forte
senso de comunidade e pertencimento, especialmente para aqueles que se sentem
marginalizados ou excluídos pela sociedade dominante.
E isso tem a ver com a “moral de rebanho” de Nietzsche.
O filosofo (do bigode, como é conhecido) descreveu um comportamento humano
submisso e irrestrito. Ele criticava essa postura, pois acreditava que ela
impedia o desenvolvimento pessoal e a verdadeira expressão da vontade
individual. No contexto de líderes políticos antissistema, podemos ver uma
conexão com a ideia de Nietzsche. Mesmo que essas pessoas se considerem contra
o sistema, elas podem acabar seguindo um líder de forma quase cega, adotando
uma "moral de rebanho" ao aceitar as ideias e direções desse líder
sem questionamento crítico.